@PHDTHESIS{ 2020:1756633240, title = {Razões autistas na escola: um espectro de saberes em uma condição singular}, year = {2020}, url = "http://bibliotecatede.uninove.br/handle/tede/2165", abstract = "Nesta tese, recusando a ideia de autismo como uma patologia incapacitante, propôs-se analisar as visões de jovens autistas resultantes de suas vivências escolares, aqui denominadas “razões autistas”. Partiu-se do argumento de que essas razões, a despeito de uma proposta educacional inclusiva, permanecem obliteradas. Tal argumento levou em conta três dimensões. A primeira refere-se ao fato de as pessoas autistas raramente poderem expressar suas vozes, uma vez que, por possuírem outras formas de expressão, muitas vezes, ininteligíveis a uma racionalidade normalizadora, ainda são vistas como intelectualmente limitadas e/ou socialmente desajustadas. A segunda diz respeito à afirmação do autismo como condição humana, cuja negação – tributária de uma visão patológica – corrobora práticas de discriminação negativas e opressoras. A terceira e última dimensão trouxe para o debate a atualização dos processos de exclusão da escola regular que, não se abrindo a uma perspectiva intercultural, mantêm os direitos e potenciais expectativas das pessoas autistas ignorados, silenciados e/ou subalternizados, apesar de a proteção legal ter-lhes assegurado o acesso a essas instituições de ensino e o direito à aprendizagem em meio a seus pares. À vista dessas dimensões e apoiada em uma perspectiva de escuta educativa, capaz de legitimar as leituras autênticas da realidade produzidas por pessoas que vivenciam essa condição, partiu-se da hipótese de que cada pessoa autista é dotada de uma razão particular, que pode ser sistematicamente subjugada pelas razões hegemônicas, mas que, como toda razão oprimida, é constituída de outros saberes igualmente válidos que precisam ser conhecidos e reconhecidos como condição para uma proposta educativa libertadora. Orientaram a pesquisa as seguintes questões: Quais as visões de jovens autistas a respeito de suas vivências escolares, considerando as próprias necessidades e expectativas? De que forma(s) as perspectivas de docentes acerca do autismo e dos processos de aprendizagem das pessoas autistas informam os contextos de escolarização de jovens nessa condição? Adotou-se como fio condutor da análise os estudos sobre a condição humana e pensamento alargado de Hannah Arendt; a perspectiva relacional e humanizante presente na obra de Paulo Freire; as apreciações sobre comunicação entre diferenças e justiça social, que emergem da obra de Iris Young, e a compreensão de dentro do próprio autismo apresentada por Temple Grandin. No quadro de uma pesquisa qualitativa, foram entrevistadas pessoas jovens autistas que estudam ou estudaram no ensino formal em escolas da região Sudeste do Brasil, bem como seus familiares e professores. Ao longo da investigação e em suas considerações finais, observou-se, por um lado, razões autistas que, tencionando as representações do autismo como incapacidade e resistência ao diálogo, ressignificam os atributos negativos que lhes são impostos; por outro, no fosso entre teoria e prática, razões autistas retraindo-se no horizonte hegemônico de heteronomeação. Constatou-se também que, quando leituras autênticas da realidade produzidas por pessoas que vivenciam o autismo como condição são legitimadas, uma escola plural, mais colaborativa, autêntica e humana se anuncia.", publisher = {Universidade Nove de Julho}, scholl = {Programa de Pós-Graduação em Educação}, note = {Educação} }